CRÍTICAS |
Com uma pintura tonal, formada quase que integralmente por uma mesma cor e complementares, apenas por uma gradação, nunca pelo confronto ou contraposição (apesar disto acontecer em alguns trabalhos, principalmente quando do uso do preto diante do fundo), Yossi cria a sua pintura dentro de um mesmo tom, com cores vivas, vibrantes, fortes, intensas, proporcionando neste jogo uma harmonia necessária para efetivar, principalmente, a composição abstrata, em sua maioria geométrica, pelo recorte da figura sobre o plano, realizada através do espaçamento das tintas, de onde obtém texturas e nuances e detalhes que estabelecem a sua realidade pictórica - seja nas obras frontais ou, podemos assim nos expressar, nas realizadas como se fosse uma planta baixa, vista de cima.
Quanto à temática, anteriormente com foco no Universo, hoje é realizada pela imagem de Troncos (título da mostra). Ao visualizarmos estes troncos, uma pergunta: será este vegetal ou animal? Estamos a ver a silhueta de uma árvore ou a silhueta de um corpo? Neste momento a sua obra alcança a dimensão de arte, pois evidencia da cor e da forma, para que cada um veja, o sonho, tornando o espectador parte integrante, um coator, pode ser dito, pela ação que é chamado a se posicionar sobre o que está a ver. Cabe agora a quem esteja diante de cada um destes trabalhos a sua escolha, ou melhor, fazer a sua própria pintura, pois a dele já está ali – uma pintura essencialmente lírica.
José Yossi começou a pintar ainda adolescente, realizando alguns cursos e contato com ateliês de artistas já consagrados para a sua orientação, e paralisado aos 22 anos toda esta sua atividade. Agora, de volta à pintura, há sete anos. Neste curto tempo, realizou mostras nos Estados Unidos, na Flórida, aonde tem um contrato de exclusividade com a Gallery 212, em Miami, onde fez algumas exposições e participado com a galeria de Art Basel, é que ele se apresenta, pela primeira vez em sua terra natal, nesta mostra no Palacete das Artes.
Claudius Portugal
A pintura de Troncos de José Yossi
No Palacete das Artes Bahia está acontecendo a exposição de Yossi de 18 de março a 20 de abril de 2014.
São pinturas de grande e médio porte na técnica acrílico sobre tela. O artista como se numa bandeira a favor do verde se vale dos troncos das árvores em representações chapadas de um desenho linear.
Seus troncos representam texturas, ora são estilizações de silhuetas de árvores sobre fundos de cor.
José Yossi em sua poética brinca com contrastes tonais, abusa de ambiguidades visuais quando não se sabe ao certo quem é a figura ou o fundo.
Seus troncos caminham rumo a uma suave abstração geométrica, são troncos-módulos, troncos que se tornam polígonos geométricos irregulares.
Em seu trabalho reside um certo silêncio emanado de uma solidão plástica.
Em tempos de desmatamento de florestas para dar espaço a agropecuária, no nosso caso Salvador-BA para dar lugar a moradias mesmo que Yossi mostra nessa teoria da cor da vida.
Será sua selva interior, inquietações plástico-visuais acerca do homem?
Em sua floresta de tintas e texturas o espaço não recua, não há saídas nem entradas. São troncos em primeiro plano sobre fundos diversos: verde, amarelo, azul e até negros.
José Yossi expressa uma realidade interior, exteriorizando-as em telas painéis.
Em sua floresta plástica só cabe a si mesmo o caminho de entrada e saída, como não se perder diante de tal vastidão tonal e de texturas.
Será uma previsão de futuro próximo?
Só cabe ao artista tais respostas e verdades plástico-poéticas.
Ed Carlos Alves de Santana